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Categoría: Gallaecia

Este vídeo relata a história da luta das pessoas do rural galego polo direito ao monte, que historicamente sempre foi de propriedade comunal, onde as pessoas iam buscar lenha, colocavam os animais para pastar e coletavam produtos alimentícios naturais, como a castanha ou as landras.

Galegos de cá e lá

«Galegos de cá e lá», um documentário de Júlia Fernandes, que se debruçou sobre as aldeias galegas.
A fronteira entre Trás-os-montes e a Galiza foi sendo ajustada ao longo dos séculos. O primeiro grande acordo fronteiriço com os espanhóis foi o tratado de Alcanizes assinado por D.Dinis. Mas, desde então mantiveram-se algumas dúvidas sobre pequenos áreas e aldeias cuja a situação era menos clara.
Vizinhos galegos e portugueses nunca se importaram muito com a situação…umas vezes pertenciam a um lado, outras mudavam de posição, mas, no fundo eram todos parentes, a História está aí para prová-lo.
Até que, há pouco mais de cento e quarenta anos, pelo “Tratado de Lisboa”, o estado português e o estado espanhol acordaram numa divisão fronteiriça mais científica, mais apoiada em mapas, a mesma que persiste até hoje.
Mas, entre Trás os Montes e a Galiza, uma região pequena mas muito próspera – o couto misto – viu completamente alterada a sua vida. O couto era constituído por três aldeias e conservava desde a Idade Média uma série de privilégios, um dos quais era não pertencer nem a Espanha nem a Portugal.
Na partilha, o couto misto foi extinto, ficou integrado em Espanha por troca de três aldeias, ditas promíscuas (com população galega e portuguesa), situadas junto a linha fronteiriça e que passaram integralmente para Portugal.
Actualmente, a prosperidade do couto é apenas uma recordação e as aldeias do lado de cá e do lado de lá da fronteira padecem do mesmo mal: a desertificação.

Galegos de Cá e Lá é um documentário de Maria Júlia Fernandes com imagem de Carlos Oliveira, edição video de Mário Rui Miranda, som de António Garcia e produção de Ana Lucas e Lila Lacerda.

[web da RTP. Próxima exibicão, 15/01/2010]

[mais informação em Infinito’s]

Alcobaça-Azoraira

Hoje vou-vos falar de uma fronteira muito pouco conhecida, na Serra do Leboreiro. Trata-se da fronteira entre uma aldeia portuguesa, Alcobaça, e uma galega, Azoraira, separadas pelo ribeiro do Trancoso, um riacho que se transforma num rio pequeno afluente do Minho e que desagua no ponto mais setentrional de Portugal. O território faz parte da região do Alto Minho, pertencente ao concelho de Melgaço, e da parte da Galiza às Terras de Celanova, ao concello de Padrenda, na província de Ourense.


O acesso, da parte portuguesa, faz-se pela estrada que vai de São Gregório, na freguesia de Cristóval até Castro Laboreiro, já no Parque Nacional da Peneda-Gerês. A subida faz-se entre pequenas aldeias e uma densa vegetação com uma floresta típica da região atlântica, baseada no carvalho e o castanheiro, misturado tudo com lameiros para pastagens de gado, designadamente vacum.

Ambas as aldeias apresentam o mesmo feitio: casas de pedra granítica bem preparadas para resistir a chuva, o vento e os longos e frios Invernos e um regresso ao mundo rural profundo: a boiada a pastar, carros de bois cheios de palha, velhas vestidas todas de preto com lenço na cabeça, flashes de uma vida que não se sabe bem o quanto conseguirá resistir neste mundo da globalização e da modernidade. Será compatível a Internet com este modo de vida? Até pode parecer contraditório, mas acreditem que eu acho… Modernidade e tradição não têm por quê estar renhidas. De resto, para além do tradicional marco fronteiriço, nada indica que mudamos de um país para outro. Talvez, apenas a igreja matriz de Alcobaça nos indique que estamos ainda em Portugal, visto que as igrejas galegas rumaram para um estilo diferente no século XVIII, copiando o modelo da fachada do Obradoiro de Santiago.

[continua em Fronteiras]